segunda-feira, 24 de novembro de 2008

1º Festival da Cultura Popular de Imperatriz


APRESENTAÇÃO

Imperatriz-MA é uma cidade ainda por ser desbravada, potencializada e conhecida por sua força cultural. Tem um acervo visual e de personagens ainda por serem explorados no campo artístico. A cidade tem uma população constituída por pessoas advindas do Brasil inteiro, principalmente dos interiores do nordeste. Economicamente é uma cidade importantíssima para o maranhão, pois além de contar com um grande setor agropecuarista é também “portal da Amazônia”, sendo cortada ao meio por uma das mais importantes rodovias do país.
Por essas e outras características a cidade é uma referência importante na região tocantina e abriga um acervo de valores culturais materiais e imateriais inimagináveis.
Mestres da cultura popular no anonimato, como por exemplo, Seu Constâncio, mestre da cerâmica; D.Francisca do Lindô – que resiste ao tempo ensinando crianças e adolescentes a dança do lindô e da mangaba; Mestre Felipão – sanfoneiro que reúne ao seu redor quase duas dezenas de outros forrozeiros tradicionais, Escurinho do Samba – compositor de samba de raíz, seu Marcelino vaqueiro aboiador, além de grupos para-folclóricos e outros mestres e mestras guardiões da cultura popular maranhense que habitam a miscigenada Imperatriz.
Nas outras cidades da região tocantina certamente iremos identificar outros mestres e mestras, grupos diversos que tem contribuído para a manutenção de danças e manifestações tradicionais, identificação do povo brasileiro.
Lembrando ainda da presença de vários povos indígenas existentes na região, além das comunidades tradicionais de ribeirinhos e quebradeiras de coco, bem como o movimento urbano de hip-hop que tem se destacado no estado do maranhão, que serão também valorizados no 1º Festival de Cultura Popular nas Barrancas do Tocantins.
Realizar o evento é de suma importância e urgente para uma região tão rica e tão carente de ações culturais e políticas públicas voltadas para a valorização das manifestações do povo brasileiro.


OBJETIVOS

Realizar 1º Festival de Cultura Popular de Imperatriz, entre os dias 05 e 06 dezembro de 2008, na cidade de Imperatriz – MA, contribuindo com o fortalecimento da identidade cultural dos povos dos interiores do maranhão, indígenas e comunidades tradicionais, bem como das pessoas vindas de outros interiores do Brasil.

1. Contribuir para tornar viva a memória dos saberes tradicionais e valorização da manifestação e de seus praticantes;
2. Construção/revitalização de conhecimentos e modos de fazer enraizados no cotidiano e na história das comunidades;
3. Contribuir para a convivência respeitosa com a diversidade cultural, com a diferença e modos de fazer enraizados no cotidiano e na história do Brasil;
4. Valorização da contribuição dos povos africanos e indígenas para a formação de diversos aspectos das culturas populares e da cultura brasileira em geral;
5. Valorização dos processos de resistência histórica das culturas populares, seus mestres e mestras;
6. Troca de experiências da mestra com outros mestres(as) de outras manifestações da Cultura Popular;
7. Possibilitar o ensino de artes e ofícios;
8. Construção/revitalização de conhecimentos e fortalecimento de rituais e festas que marcam a vivência coletiva do trabalho, da religiosidade, do lazer/diversão e de outras práticas da vida social;
9. Divulgar a cultura maranhense como afirmação e reafirmação de nossa identidade;

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Artistas do Ocuparte se "despedem" do prédio com muita arte.

Após sete meses de ocupação do Prédio da Antiga Biblioteca Municipal pelos artistas um acordo judicial com a Prefeitura Municipal resultou na desocupação e no Tombamento do prédio como primeiro patrimônio histórico de Imperatriz.

Os “Ocupartianos” realizarão uma extensa programação artística neste sábado e domingo (15 e 16 de novembro) como informa Alexandre Almeida: “esta é a boa do final de semana dos amantes e namorados da arte.... temos um final de semana cultural.... encontro para se fazer presente e se dar um presente, fazendo ARTE, contamos com todos que possam ajudar nessa caminhada de paz e luta, pelos espaços artísticos, venham com o seu canto, sua brincadeira. 48 horas de arte OCUPARTE.

FINAL DE SEMANA TEM ESPETACULO?
TEM SIM SENHOR!!!

PROGRAMAÇÃO
SÁBADO: pirofagia a noite e bate papo com a galera

Grupo Cordão de Teatro
”O DIALOGO OBSCURO”
Data: 16/11/2008 às 20h00min (DOMINGO)
Local: OCUPARTE (antiga Biblioteca Municipal)
ENTRADA: R$5 REAIS

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

1º PREDIO TOMBADO DA CIDADE, LUTA DOS ARTISTAS.

VITORIA DO POVO DE IMPERATRIZ !!!
“Se muito vale o já feito, mais vale o que será.”

Mas vale o que será!
Esta é a nossa certeza. E dela não arredamos o pé.
Foram seis meses de sonhos plantados e recordamos como se fosse hoje aquele dez(10) de maio que certamente marcou a história de Imperatriz.
Atabaque, sol, berimbau, ansiedade, pandeiro, ginga, suingue, perna de pau, risos, ansiedade, esperança... foi assim que amanheceu o dia 06 de novembro no espaço que aprendemos chamar OCUPARTE e nele imprimimos nossas marcas e o nosso jeito de ser.
Da audiência, o acordo vitorioso: O espaço será tombado como patrimônio da memória do povo de Imperatriz, além da garantia de um outro espaço para nossas atividades artísticas no prazo de 10 dias.
Ocuparte, que de ação passou a ser espaço físico, realidade cultural, construção de identidade, espaço da diversidade e da criatividade de uma gente que não se contenta com migalhas.
Ocuparte, que nos ensinou que mais valem mil tambores a nos roubar o sono que o silêncio sufocado de medo e pavor.
E voltamos ao nosso pedido de perdão, aos que não suportam a ternura de um olhar amanhecido nos lençóis da liberdade!
A eles e elas oferecemos versos lavrados de amor e ternura, nossas únicas armas contra a intolerância.
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Estatutos do Homem (Ato Institucional Permanente)
A Carlos Heitor Cony


Artigo I
Fica decretado que agora vale a verdade.
agora vale a vida,
e de mãos dadas,
marcharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo único:
O homem, confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII

Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha
sempre o quente sabor da ternura.

Artigo X
Fica permitido a qualquer pessoa,
qualquer hora da vida,
uso do traje branco.

Artigo XI
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo,
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII
Decreta-se que nada será obrigado
nem proibido,
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade,
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

THIAGO DE MELLO
Santiago do Chile, abril de 1964