segunda-feira, 26 de maio de 2008

Por Que OCUPARTE?


O movimento, assim denominado, OCUPARTE, vêem há 15 dias ocupando um prédio publico em Imperatriz-MA, onde funcionava a antiga Biblioteca Municipal, hoje escondida e com estrutura precária. Vários artistas e pessoas da comunidade se envolveram diretamente na ação e conseqüentemente algumas polêmicas já foram instaladas por parte da atual gestão do município e sociedade civil. Vamos a uma breve analise de conjuntura.
Mergulhamos na barbárie. A indiferença, a estupidez arrogante e boçal, a valorização do ter e do parecer, a banalização da vida, entre outras pérolas, sustentam um mundo que esqueceu os valores humanísticos construídos ao longo de séculos e que serviram de arcabouço para o advento da civilização e nortearam a luta por uma sociedade mais justa. Paralelamente a tudo isso se seguiu um conformismo impressionante de antigas pessoas que lutavam por um mundo melhor, ou seja, tudo ficou estranhamente relativo, como se nada mais pudesse ser feito. O mundo é assim mesmo, determinado e ponto.
Conseqüentemente, o seu semelhante agora é percebido como inimigo. E, como tal, precisa ser aniquilado. O horror às diferenças, a intolerância, a homofobia e o neonazismo, são o desdobramento lógico de um mundo sem referências que se desumanizou e marcha inexoravelmente para a barbárie, tal como assistimos de camarote. Via Bandeira Dois, diga-se.
Estamos cercados de indigentes mentais. Tudo está à venda. Tudo se compra, só presta aquilo que tem uma propaganda e um valor caro na Rede Globo, ou no shopping, que falta nos faz (a todos) o exercício da amizade, da solidariedade, inclusive entre os povos, da capacidade de doação afetiva inteiramente desinteressada, etc.
Ser, simplesmente. O que é isto? Ninguém sabe. Importa ter. Importa parecer.
O que a proposta do OCUPARTE tem haver com tudo isso?
Justamente é a busca do valor humano e o seu encontro consigo próprio que tanto nos faz falta hoje em dia, quem dera se pudéssemos ter um OCUPARTE em cada bairro, em cada periferia, para que os jovens excluídos e despossuídos estivessem dentro, aprendendo, vivendo. Viver passar por isso, o encontra do homem consigo mesmo. Para que este se reconheça e não se estranhe diante de si e da vida. A violência não é um absoluto, mais sim uma condição que pode ser mudada.
O que dizer a duas crianças sendo que uma tem celular, computador vídeo game e a outra com fome e pés descalços? Percebem a enorme contradição nisso tudo.
Infelizmente, nosso gestor municipal ainda não entendeu a mensagem, e ao invés de contribuir prefere centralizar, achando que administra uma empresa ao invés de uma cidade. Mas, é o que se espera diante dessa atual lógica em que vivemos mediocrizante. Que banaliza as pessoas e as transforma em seres estranhos, ao invés de incluir prefere excluir. E um novo calvário é instituído. Teremos ainda muito crucificados por esse sistema.

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